terça-feira, 10 de maio de 2011

Capítulo: O COMÉRCIO, A SOCIEDADE E A POLÍTICA

Cana, Café e Laranja
Quando a Vila de Iguassu foi fundada já se cultivava naquela região feijão, arroz, milho, mandioca, feijão, legumes, cana-de-açucar, além da extração de madeira para lenha, onde abastecia as fazendas locais e o mercado consumidor da capital.
Porém, dentre estes produtos cultivados, a produção não chegava a ser tão expressiva economicamente diante da cana-de-açúcar que apresentava certo destaque, apesar do seu cultivo exigir uma tecnologia que naquela época não se possuía, onde seus engenhos tinham maquinários obsoletos que por muitas vezes não permitia plenamente seu beneficiamento do produto, no entanto ainda era mais rentável do que os outros.
Sua expansão na Baixada da Guanabara, mais precisamente na Vila de Iguassu era limitada e apresentava certo travamento para o aumento da produção em larga escala, além da enorme quantidade de trabalhadores, ou seja, escravos, necessários para a plantação e o beneficiamento.
Dentre os engenhos da região, destacavam-se o Engenho da Cachoeira, localizado na Freguesia de Santo Antonio de Jacutinga, que pertencia ao capitão Manoel Correa Vasques, onde se produzia em média 60 caixas de açúcar e 30 pipas de aguardentes, neste engenho se tinha 80 escravos e o Engenho de Marapicú, Cabussú, Piranga e Matto, localizado na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu, pertencente ao Sr. Morgadio dos Ramos, produzindo em média 120 caixas de açúcar e até 60 pipas de aguardentes, com 200 escravos.
Com declínio da lavoura açucareira na região, o café em plena expansão comercial ganhou terreno na Vila de Iguassu, que por sua vez já apresentava um solo desgastado para o cultivo da cana-de-açúcar, que por sua vez o café necessitava de áreas altas para seu cultivo encontradas na região.
Sendo assim, o café passou a ser cultivado principalmente na localidade de Tinguá, Estrela e nas terras altas de Japeri, Adrianópolis e Jaceruba, no entanto o cultivo do café não chegou a ser em grande escala, mas deu de certa forma uma estabilidade econômica aquela região.
Com sua produção a Vila de Iguassu também teve um considerado acréscimo populacional, comercial e uma maior movimentação através das estradas e rios, onde a produção era escoada através da estrada do Comercio, da Estrela e da Policia, além do rio Iguassu sendo o principal rio com um porto chamado de Estrela que embarcava o produto para a Província.
Ao longo da primeira metade do século XIX, o café brasileiro, e por que não dizer, com a parcela do café iguaçuano sustentou as exportações do império e ocupou mais de 60% da produção mundial, a Vila mandava com destino a província do Rio de Janeiro cinco mil arrobas de café diariamente.
A fase áurea do café da Vila de Iguassu ocorreu nos anos de 1870 e entre os principais produtores destacamos os fazendeiros Marques de Itanhaem, Leocadio Pamplona Corte Real, Jose de Souza e Oliveira, e o padre Jose da Costa Valença.
Todavia, a lavoura do café na Vila de Iguassu, foi neutralizada principalmente com a abolição da escravatura e depois com pestes que dizimaram os escravos que eram mal alimentados e cansados do exaustivo trabalho braçal sem regras.
Com a decadência da cafeicultura no Rio de Janeiro, afetando diretamente a Vila de Iguassu, que em decorrência de fatores entre os quais a falta de mão-de-obra, fazia com os produtores não encontrava em curto prazo a substituição do trabalho escravo, tornou-se inviável economicamente permanecer no cultivo, além também do desgaste do solo por falta de planejamento no plantio.
Isto fez com que os fazendeiros substituíssem o café por laranja, fazendo com que mesma fosse o ultimo grande investimento agrícola da Vila de Iguassu, e consequentemente de Nova Iguaçu.
O clima, o relevo e solo da Vila de Iguassu eram propícios para o plantio da laranja, além dos principais consumidores que eram a capital (Rio de Janeiro) e o Estado de São Paulo, o advento da ferrovia possibilitava o transporte da produção em um prazo considerado para época ideal e o apoio do governo tanto para o cultivo como também para a exportação, foram fatores fundamentais para a implantação e desenvolvimento da citricultura na região.
Laranjal em 1920
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_rj_linha_centro/novaiguacu.htm

A laranja no Rio de Janeiro começou ser cultivada em São Gonçalo e posteriormente chegou à Nova Iguaçu, por volta de 1891, sendo cultivada inicialmente nos morros e encostas da Serra de Madureira. Com a valorização do produto, que era altamente lucrativo foi espalhado por grande parte da região, tendo grande produção na Fazenda da Posse, hoje atual bairro com o mesmo nome, isto fez também que o cultivo de outros produtos como o feijão, a mandioca, o milho dentre outros fossem abandonados na esfera comercial.
Seu auge aconteceu a partir de 1920 perdurando mais ou menos por duas décadas, onde a cidade ficou reconhecida internacionalmente pela produção e chegando ser chamada, na época, de Cidade Perfume.
O sucesso econômico advindo da laranja abrangia uma vasta escala profissional e comercial, gerando empregos e atraindo pessoas de todo o país na esperança de emprego e qualidade de vida.
O progresso engendrado pela laranja fez com que o poder público investisse na abertura, melhoria e construção de estradas para facilitar a vazão da produção bem como o acesso dos moradores à sede do município, no entanto, a estrada de ferro continuava sendo de suma importância para a economia local, pois era através dela que os comerciantes enviavam a produção e, finalmente, era através dos trilhos que a laranja era levada diretamente até o porto do Rio de Janeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário